quinta-feira, 28 de março de 2013

Crise pressiona empresas a procurar soluções

O cenário é negro, mas mesmo assim há empresas que estão a crescer.

Luís Onofre promete vender sapatos na América do Sul. A pêra rocha quer dar-se a conhecer aos marroquinos. E a Sinergie já conquistou o espaço, produzindo uma peça para os cientistas do CNES - o centro francês de excelência na investigação espacial. Estes são apenas três exemplos de empresas que estão a aguçar o engenho para enfrentar a crise. Mas há mais.

Apesar da recessão, nem tudo são maus exemplos no país. Há empresas nacionais que estão a dar a volta ao marcador: com a procura doméstica a cair a pique - o Banco de Portugal espera que o consumo recue para os níveis do início do milénio - houve 12 mil empresas que começaram a exportar no ano passado, de acordo com dados do Ministério da Economia. Outras, já mais musculadas no mercado internacional, aproveitaram o momento para consolidar as vendas lá fora e partir para novos destinos.

O principal inimigo das empresas tem sido a política de austeridade a que Portugal está amarrado. Sem meios orçamentais para aumentar o investimento público ou baixar impostos, o Governo tem apostado no regresso aos mercados por parte do Estado como forma de facilitar o financiamento para a economia. Se as administrações públicas prescindirem do crédito da banca, e se os preços do financiamento do próprio sistema bancário caírem, sobra mais crédito, a melhores preços, para estimular o crescimento das empresas.

Já o Presidente da República, Cavaco Silva, tem optado por procurar estímulos à confiança, visitando empresas de sucesso. "O clima de confiança é decisivo para mais investimento, para que os empresários decidam contratar mais funcionários, para que resolvam inovar e para que façam um esforço para levar a produção portuguesa para novos mercados", defendeu o Chefe de Estado ontem, no final de uma visita à fábrica da Gelpeixe, em Loures.

Portas anuncia reforço da Mitsubishi em Portugal

O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros anunciou esta quarta-feira em Tóquio o reforço do investimento da Mitsubishi em Portugal no valor de 37 milhões de euros e que vai significar a duplicação dos postos de trabalho da multinacional no Tramagal.

“Eu confirmei à Mitsubishi, que é uma das maiores multinacionais do mundo, que o Estado português assinará com a Mitsubishi um contrato de investimento no valor de 37 milhões de euros e investimento da Mitsubishi em Portugal”, disse Paulo Portas aos jornalistas em Tóquio.

De acordo com o ministro dos Negócios Estrangeiros, o investimento da Mitsubishi (que tem uma fábrica no Tramagal) vai permitir expandir a presença da multinacional japonesa em Portugal de modo a que, por um lado, estejam em condições de fabricar os novos veículos comerciais da marca e, por outro, de fazer dessa unidade uma “plataforma estratégica” para vender a marca e os seus produtos em novos mercados como África e Médio Oriente.

“Este investimento tem duas fases e quando estiver em decisão e execução finais significará poder duplicar o número de trabalhadores que já temos no Tramagal, que são trezentos”, explicou Paulo Portas.

“Significa um reforço do investimento em Portugal, neste momento em que nós precisamos de confiança, de investimento e manutenção de postos de trabalho”, acrescentou o ministro dos Negócios Estrangeiros, que se encontra em Tóquio para uma visita que se prolonga até sexta-feira.

quarta-feira, 27 de março de 2013

Indústria têxtil portuguesa aposta na China

As marcas chinesas de vestuário procuram cada vez mais os tecidos europeus para tentarem distinguir-se internamente, proporcionando novas oportunidades aos industriais têxteis portugueses, disse hoje à agência Lusa uma responsável do sector.

"Os chineses são fortes na confecção devido à mão de obra barata, mas as marcas de gama média e alta precisam de mais qualquer coisa que lhes dê valor acrescentado e que as diferencie uma das outras", afirmou Sofia Botelho, directora executiva da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP).

"Eles reconhecem-nos como europeus, ao lado dos italianos, com um nível de preços e de qualidade idêntico. Temos de facto um bom produto", acrescentou.

Em declarações à agência Lusa na inauguração da "Intertextil Pequim 2013", que decorre durante três dias com centenas de expositores de mais de dez países, Sofia Botelho realçou que "as exportações de tecidos portugueses para a China têm aumentado de ano para ano".

"Temos de procurar alternativas à Europa, onde o mercado está parado. Há muito mercado no mundo inteiro, da Turquia ao Japão", disse a responsável, que representa também a Associação Selectiva Moda, o organismo da ATP encarregue de promover o país nas feiras internacionais.

A "Intertextile Pequim", organizada pela Messe Frankfurt, é um dos mais concorridos certames do género na Ásia.

Sete empresas portuguesas (mais duas do que em 2012) participam na edição deste ano: Arco Têxteis, Lemar, Riopele, Somelos, Teviz, Têxtil Serzedelo e Troficolor.

"Temos qualidade, inovação, design e moda", disse Sofia Botelho acerca da oferta portuguesa.

As empresas portuguesas ocupam o pavilhão "From Portugal", um espaço onde predomina o vermelho, a cor que os chineses associam à felicidade, e com o nome do país escrito também na língua local ("Pu Tao Ya").

"From Portugal" (em inglês) é um projecto da Associação Selectiva Moda apoiado por fundos comunitários (Qren).

Segunda maior economia mundial, com um crescimento anual que se mantém acima de 7,5%, a China está empenhada em "mudar o padrão de desenvolvimento", privilegiando mais o aumento do consumo interno do que as exportações.

A "Intertextile Pequim 2013" ocorre num bom momento das relações comerciais luso-chinesas.

Em 2012, as exportações portuguesas para a China aumentaram 30%, atingindo o valor recorde de 1.128 milhões de euros.

AEP adere ao PER com acordo de credores

Nuno Albuquerque foi esta quarta-feira nomeado, pelo Tribunal do Comércio de Gaia, administrador judicial provisório da Associação Empresarial de Portugal (AEP), no âmbito de um Processo Especial de Recuperação (PER). A instituição já chegou a acordo com os credores para a reestruturação da sua vida económico-financeira.

A Associação Empresarial de Portugal (AEP) vai entrar num novo ciclo de vida. Depois de ter deixado o Europarque nas mãos do Estado, reduzido bastante o seu efectivo e ainda não ter pago o salário de Fevereiro, esta instituição está agora a caminho de superar a maior crise da sua história de quase 164 anos.

“Com efeito, no âmbito do plano de reestruturação aprovado pelos associados na assembleia geral de 21 de Setembro de 2011, foi celebrado na passada semana um Acordo Extrajudicial de Recuperação (AER) com nove instituições bancárias e com a Associação dos Parques de Exposição do Norte – Exponor, entidade participada pela AEP”, começa por salientar a instituição liderada por José António Barros, em comunicado. Estes credores representam quase 80% dos créditos totais da associação, que ultrapassam os 90 milhões de euros.

Como estava previsto, este acordo foi precedido da constituição de um fundo imobiliário, a sociedade NEXPONOR – Sociedade Especial de Investimento Imobiliário de Capital Fixo, SICAFI, S.A., com um capital social inicial de 375 mil euros, integralmente subscrito pela AEP.

Já aprovada pela CMVM, esta sociedade será gerida pela FundBox – Sociedade Gestora de Fundos de Investimento Imobiliário, S.A. e passará a deter os activos patrimoniais fixos do Parque de Feiras e Exposições da Exponor, em Leça da Palmeira, Matosinhos, onde a AEP promove há mais de 25 anos feiras, congressos e eventos.

Arrancou no passado dia 20, pelo prazo de 30 dias, o período subscrição pública de acções que vai fazer aumentar o capital social sociedade para cerca de 66 milhões de euros. Logo que concluída a subscrição pública, será requerida a admissão das acções da Nexponor à cotação no Alternext Lisbon, o segundo mercado bolsista português.

O sucesso da operação de subscrição pública está garantido logo à partida pelas subscrições dos nove bancos credores que assinaram o acordo, na proporção dos seus créditos, da própria AEP, da Fundação AEP e de outros investidores.

A AEP tem entretanto em curso uma “acção extraordinária de quotização”, com os associados a ser convidados a responder pelo equivalente a um ano de quotas. “Esse contributo será integralmente aplicado na aquisição de acções da Nexponor pela AEP”, garante a associação.

Ainda de acordo com o mesmo comunicado, o acordo de credores prevê também uma nova facilidade de crédito, a 10 anos (com reembolso numa única prestação, no final deste período, ou antes, através da venda de activos imobiliários detidos pela AEP e participadas) e no montante de 6,5 milhões de euros, e a reestruturação em idênticas condições de todo o passivo de curto e médio prazo.

“Para garantia desta operação, acaba de dar entrada no Tribunal do Comércio de Vila Nova de Gaia uma proposta de Processo Especial de Revitalização (PER) que defende todas as partes interessadas e permitirá ainda à AEP pagar, de uma só vez, os salários de Fevereiro e Março aos seus mais de 200 colaboradores e começar a regularizar, em breve, os pagamentos a fornecedores”, adianta a AEP.

Assim que concluir este processo de reestruturação, a AEP afiança que irá focaliza-se na sua missão de Câmara de Comércio e Indústria para a Região Norte, continuando, por outro lado, “a promover e a desenvolver a sua actividade de feiras de negócios e de congressos como um operador global e a concorrer no mercado em que se insere, organizando eventos nas instalações da Nexponor e nas de outras entidades, tanto no país como no estrangeiro”.

As entidades participadas Fundação AEP, Exponor Brasil, Cesae, APCER, Feira Park e Exponor Digital não estão abrangidas pelo referido plano de reestruturação – “ou porque são económica e financeiramente sustentáveis ou porque a posição da AEP é minoritária”, explica a associação presidida por José António Barros.

Vista Alegre constrói fábrica para fornecer Ikea


O grupo Vista Alegre Atlantis (VAA) vai construir uma nova fábrica de louça de mesa de grés, em Ílhavo, inteiramente destinada a fornecer a multinacional sueca Ikea. A nova fábrica, cujo contrato será assinado no dia 3 de Abril, deverá criar 144 postos de trabalho na região de Aveiro, num investimento estimado em 19,5 milhões de euros.

O projecto desenvolvido pela empresa Ria Stone, do grupo VAA, foi considerado de interesse estratégico e irá beneficiar de apoios no âmbito do Sistema de Incentivos à Inovação, de acordo com a informação publicada em Diário da República em Novembro do ano passado. O grupo Ikea, especializado em mobiliário, decoração e artigos para o lar, também participará financeiramente no investimento, a implementar nos próximos dois anos.

A nova unidade irá incorporar processos e métodos pioneiros desenvolvidos pela empresa, bem como as mais recentes inovações tecnológicas ao nível de equipamento fabril para o sector. "A opção pela monocozedura, em oposição à bicozedura actualmente utilizada, será o factor-chave de inovação de todo o processo produtivo que, respeitando os padrões de qualidade definidos ao menor custo, é, em termos ambientais, o menos poluente, por ter menor emissão de gases, prevendo-se também uma redução do volume de resíduos sólidos", explica o despacho do Governo.

A empresa prevê atingir uma produção de 30 milhões de peças por ano, num regime de laboração contínua. O projecto está orientado para a exportação, representando as vendas no mercado externo cerca de 85% a 90% da facturação da empresa.

Na assinatura do contrato Ria Stone, do grupo Vista Alegre Atlantis, com a Ikea, estarão presentes o presidente do Conselho de Administração da empresa portuguesa, Paulo Varela, a directora-geral da multinacional sueca, Christiane Thomas, e o presidente da AICEP - Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, Pedro Reis.

O grupo VAA fechou 2012 com vendas de 54,2 milhões de euros, mais 0,6% do que no ano anterior, impulsionadas pelo mercado externo. Estes resultados permitiram reduzir os prejuízos para 3,4 milhões de euros, menos meio milhão do que em 2011.

A AICEP disponibiliza um Guia Prático de Apoios Financeiros



Muitas empresas “exportadoras portuguesas ainda vendem no estrangeiro mais como consequência de um processo de crescimento e em resposta a consultas concretas e a pedidos de operadores externos do que em função de uma opção estratégica de internacionalização”, esta é uma das conclusões da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP). 

Para ajudar à internacionalização das empresas, a AICEP disponibiliza um Guia Prático – Apoios Financeiros à Internacionalização, em permanente actualização e especialmente vocacionado para as PME que pretendem encaminhar as empresas no vasto leque de instrumentos e ferramentas de financiamento ao seu dispor, bem como incentivos à promoção externa dos seus produtos/serviços, reunindo, sistematizando de forma acessível e actualizando informação neste domínio. 

A AICEP destaca os incentivos financeiros disponibilizados através do QREN, nomeadamente com o Sistema de Incentivos transversal – o SI Qualificação PME (Sistema de Incentivos à Qualificação e Internacionalização de PME) que visa promover a competitividade das PME, através do aumento da produtividade, da flexibilidade e da capacidade de resposta e presença activa das PME no mercado global. 

Para o ajudar a levar o seu negócio mais longe foram criadas 14 lojas da exportação enquadradas na Rede de Agências do IAPMEI e em articulação com a AICEP. Estas lojas visam apoiar a estratégia de abordagem dos mercados internacionais e nelas pode ser obtida informação sobre mercados, assistência na procura e contacto com parceiros locais, informação sobre instrumentos financeiros de apoio à internacionalização e dinamização de oportunidades de negócio.

As Linhas de Crédito PME INVESTE visam facilitar o acesso das PME ao crédito bancário, nomeadamente, através da bonificação de taxas de juro e da redução do risco das operações bancárias, através do recurso aos mecanismos de garantia do Sistema Nacional de Garantia Mútua.

O "reforço do fundo de maneio associado ao incremento da actividade das PME", designadamente, através do início ou reforço dos negócios de exportação, constitui uma das condições de elegibilidade dos projectos apresentados a financiamento bancário. 

A AICEP disponibiliza também às empresas portuguesas um conjunto de instrumentos promocionais que “permitam assegurar de forma sustentada o seu sucesso nos mercados externos”. A Agência selecciona eventos de elevado potencial, formata acções e incentiva a participação das empresas, encontrando-se no seu site essas opções. Feiras de referência, missões empresariais ou conferências são apenas alguns exemplos destas acções de promoção. 

Além disso, entre os seus diferentes instrumentos promocionais, a AICEP dispõe, em primeira linha, de gestores de cliente. É um conceito inovador e uma aposta num modelo de proximidade ao tecido empresarial, com capacidade de oferecer serviços de elevado valor acrescentado. O gestor de cliente, seja na área de negócio das grandes empresas, seja das PME, “acompanha, em matéria de exportações e investimento no estrangeiro, as empresas encarteiradas na AICEP e que produzem e exportam produtos ou serviços inovadores e competitivos no óptica dos mercados externos”. 

Compete ao gestor de cliente das grandes empresas assegurar o tratamento dos processos de Investimento Estruturante em Portugal, constituindo-se como um parceiro de confiança das empresas que investem ou pensam investir em Portugal. A Agência acompanha, através dos seus 55 gestores de cliente, cerca de 11 mil empresas. 

Integrada na sua rede internacional, a AICEP tem vindo a desenvolver um sistema de Serviços de Apoio à Empresa destinados a apoiar os primeiros passos das empresas portuguesas no estrangeiro, especialmente PME. 

“Trata-se de áreas de escritório destinadas a acolher num dado país empresas portuguesas que queiram iniciar ali a sua actividade exportadora, bem como negócios de investimento directo ou de turismo. Estes serviços asseguram, durante o horário de funcionamento das instalações diplomáticas e consulares em que a rede externa da AICEP está integrada, todas as facilidades normalmente associadas a um escritório, como sejam salas de reuniões, computadores com acesso à Internet, apoio básico de secretariado, entre outros”.

Sonae Sierra compra 50% do Cascais Shopping


A Sonae Sierra, através de uma sociedade maioritariamente sua participada, comprou 50% do Cascais Shopping a um fundo gerido pela Rockspring Property Investment Managers, ficando assim a deter 100% daquele centro comercial, anunciou hoje a empresa.

Esta transação, que está ainda dependente de aprovação por parte da Autoridade da Concorrência, "constitui uma ótima oportunidade para reforçar a nossa posição num ativo de elevada qualidade, o principal destino comercial da região onde se situa", disse no mesmo comunicado, o CEO da Sonae Sierra, Fernando Guedes de Oliveira.

E acrescenta: "Estamos satisfeitos com a perspetiva de determos uma participação maioritária no CascaiShopping, o que nos irá permitir potenciar a valorização do ativo”.

O CascaiShopping foi o primeiro centro comercial desenvolvido de raíz pela Sonae Sierra e é considerado o primeiro centro da nova era de shoppings. Inaugurado em 1991, tem hoje uma área de 73 mil m2, após várias remodelações e expansões. 

Tem mais de 200 lojas, sete salas de cinema, 36 restaurantes e cerca de quatro mil lugares de estacionamento, sendo que em 2012 recebeu mais de 10 milhões de visitas.