segunda-feira, 18 de março de 2013

Empresários reunidos com Seguro acusam Governo e banca de insensibilidade

Vários empresários acusaram hoje o Governo e a banca de serem insensíveis aos problemas pelos quais as suas firmas estão a passar, numa reunião aberta promovida pelo secretário-geral do PS, António José Seguro, em Castelo Branco.

A elevada carga fiscal e os 'spreads' (taxas adicionais ao juros aplicadas pelos bancos a empréstimos) foram alvo de todas as críticas, por deixarem as tesourarias sem verbas, ao ponto de haver empresas que não satisfazem encomendas certas.

"Quando partimos já temos uma mochila às costas, cheia de pedras, pelo caminho [o Estado] mete mais algumas e para fazermos qualquer coisa há mais uma carga", referiu Joaquim Braz, empresário, para ilustrar as dificuldades num negócio.

Como resultado, "quando fazemos uma travessia do deserto, temos uma carga que nos esmaga pelo caminho", acrescentou.

No ar, deixou uma pergunta subjacente a quase todas as intervenções: "porque é preciso pagar tanto, há tantos anos, para alimentar um Estado que cresceu e é ineficiente".

Um outro empresário deixou uma caso concerto: "como é que uma empresa portuguesa, que tem que pagar um 'spread' de dois dígitos consegue competir com uma outra alemã que só paga um por cento".

António José Seguro reconheceu que o caminho "não é simples" e que "não há varinhas mágicas", mas acredita que é possível conjugar mais apoios às empresas com "disciplina e rigor orçamental, com as finanças públicas em modo são".

"O que dói é ver empresas com clientes e encomendas firmes e sem dinheiro para comprar matérias-primas", referiu.

O líder socialista reafirmou propostas feitas ao Governo para que parte das verbas disponibilizadas ao país no âmbito da ajuda externa seja usada para recapitalizar as pequenas e médias empresas (PME).

Voltou a defender a criação de um banco de fomento para dinamização da economia, inclusivamente com verbas do próximo Quadro Comunitário de Apoio.

Seguro reafirmou ainda a ideia de dar créditos fiscais a empresários que coloquem capital nas empresas, bem como apoio directos da banca a encomendas firmes, para que essas não se percam - mas sem taxas que as tornem inviáveis, ressalvaram os empresários.

Na reunião fizeram-se ainda ouvir queixas contra o licenciamento comercial e industrial, classificada por um empresário como "uma teia que mata empresas à origem".

Seguro voltou novamente a defender a sensibilidade como prioridade para "estar ao lado de quem quer produzir", dando como exemplo uma medida usada em Espanha, em que os hipermercados tiveram que assumir a venda de produtos locais como contrapartida para poderem abrir.

Empresários ligados ao sector exportador foram mais longe e estenderam as críticas às entidades internacionais, que permitem que contentores de mercadoria chinesa atravessem o mundo e cheguem à Europa "a preços mais baixos" que os contentores enviados de Portugal para Holanda.

Mas um outro contrapôs com a sua experiência: apesar de a Europa ter passado a aplicar taxas extra para produtos chineses de determinado sector, o fabricante resolveu o assunto e "passou a aplicar um desconto no mesmo valor" - queixando-se de um 'dumping' (venda abaixo do preço de custo) que passa impune.

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